"NÃO EXISTE PROBLEMA DE LEITURA. EXISTEM ESCOLAS E PROFESSORES COM PROBLEMAS." (Herbert Kohl)
Seja bem-vindo(a)!
O conteúdo deste blog é direcionado a professores, coordenadores pedagógicos e diretores de instituições públicas e particulares de ensino, além de psicopedagogos, pais e interessados na prevenção contra problemas de aprendizagem.
Pense Nisso!
Nada está no intelecto que não tenha passado antes pelos sentidos
(Provérbio antigo)
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
TAMBÉM PARA FINAL DE ANO LETIVO...
Sugestões de Dinâmicas
domingo, 1 de novembro de 2009
MEDICINA HEBIATRA: VOCÊ SABE O QUE É?...
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
terça-feira, 6 de outubro de 2009
ORIENTANDO PAIS E PROFESSORES...
domingo, 20 de setembro de 2009
COORDENAÇÃO MOTORA AMPLA / ORIENTAÇÃO ESPACIAL / ORIENTAÇÃO TEMPORAL
Formação inicial: formar dois círculos, com igual número de elementos: cada círculo formará uma equipe. Os jogadores ficam em pé, deixando uma certa distância entre um e outro. A professora inicia uma contagem, cabendo a cada jogador um número.
Desenvolvimento: dado o sinal de início, o jogador número 1 de cada círculo começa a correr entre seus companheiros, em zig-zag, contornando-os até chegar ao seu lugar. Aí chegando, bate no ombro do colega ao lado, o número 2 do círculo, e senta-se. O número 2 procede da mesma forma, e assim sucessivamente até que todos os jogadores do círculo tenham corrido em zig-zag por entre seus companheiros, e estejam sentados. Vence a equipe que terminar primeiro.
Fonte:
RIZZI, Leonor; HAYDT, Regina Célia. Atividades lúdicas na educação da criança. 7ed. São Paulo, Ática, 2004.
COORDENAÇÃO MOTORA AMPLA (atividade)
Formação inicial: formar colunas de mais ou menos oito elementos, cada um segurando na cintura do companheiro de frente.
Desenvolvimento: o primeiro jogador tenta pegar o último da coluna, que procura se desviar para não ser pego. Uma vez conseguindo, o primeiro jogador de cada coluna troca de lugar com o último.
Fonte:
RIZZI, Leonor; HAYDT, Regina Célia. Atividades lúdicas na educação da criança. 7ed. São Paulo, Ática, 2004.
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
O QUE A CRIANÇA VÊ, ELA FAZ...
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
TELEVISÃO: AMIGA OU INIMIGA? I
Ninguém divida que a televisão é o mais influente dos meios de comunicação de massa e, desde algum tempo, ela tem sido objeto de estudos, especialmente nas áreas que a relacionam como fonte de influência sobre as pessoas e principalmente sobre a criança.
Criança e TV formam um binômio. Uma situação justificada por muitos fatores, grande parte deles fruto da sociedade moderna. É difícil imaginar uma casa com criança sem imaginá-la absorvida pelo mundo que desfila na tela.
Uma das mais graves distorções que a TV passa vai se refletir no campo das emoções. Quem cresce com a educação do veículo aprende o amor de uma maneira muito fantasiosa. A vida real não é tão benévola quanto a fictícia: o happy end é difícil, mas a TV ensina que é sempre possível.
Outro risco é a criança receber tudo de forma muito passiva, sem interferir em nada, sem desenvolver argumentos para conseguir alguma coisa, o que é muito diferente do que ocorre na sua família ou na sua escola. Diante da televisão, basta que veja, que percorra o olhar: tudo já está ali, pronto; e o que é pior, do modo com que outros querem que ela veja. A televisão fala para você, mas não permite uma resposta do telespectador.
Se a TV não exige da criança decisão nem poder de concentração ou disciplina, o que dizer dos reflexos na postura física? Ela vai ficando largada, escorregando cada vez mais no sofá, parada. E criança foi feita para estar em movimento. Além disso, passar muito tempo ligado à televisão faz com que os jovens tendam a desenvolver maus hábitos alimentares, como consumir mais refrigerante, batata frita, pipoca e outras guloseimas.
E as excessivas cenas de violência a que o telespectador fica exposto a qualquer hora do dia nos mais diferentes programas? Não importa se é um desenho animado, um filme de sessão da tarde ou uma novela no horário nobre. Todos podem apresentar um tempero demasiado ácido ou modelos de relacionamento extremamente violentos, distorcendo o que se espera de uma educação com respeito e consideração ao próximo.
É impossível ignorar o caráter excessivamente consumista da televisão. Quantos desejos e instintos despertados ou estimulados pelos comerciais ou por cenas inofensivas dos nossos programas preferidos? As propagandas exploram nossas fraquezas e o jovem é muito sensível ao apelo dos comerciais de produtos que dão status – tênis de grife, roupas da moda, importados etc.
Concluindo, é preciso estabelecer limites para o tempo reservado às crianças diante da TV e de avaliar a escolha dos programas vistos por elas, para que não fique prejudicado o mundo da fantasia e da imaginação, dom precioso a ser desenvolvido na infância.
Luiz Cuschnir – Médico psiquiatra, psicodramatista, coordenador do IDEN – Centro de estudos da Identidade do Homem e da Mulher. Autor, entre outros, do livro Homem – Um pedaço adolescente / Adolescente – Pedaço de Homem, Editora Saraiva.
Fonte:
BRAGANÇA, Angiolina; CARPANEDA, Isabella. Bem-te-li: língua portuguesa. São Paulo: FTD, 1999. (Coleção Bem-te-li; v. 4)
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
A AUTOESTIMA DO PROFESSOR
O PROFESSOR PRECISA SER ELOGIADO. NÃO CUSTA DIZER: PARABÉNS PELO TRABALHO, PROFESSOR!
O aluno é o indivíduo mais importante da escola. É o ser em formação que está lá para aprender e se desenvolver como cidadão, pessoa e para o mercado de trabalho, assim determina a lei.
A parceria da família com a escola é essencial. Isso precisa estar claro para a família de modo que se conscientize sobre sua fundamental importância na vida do (a) filho (a) desde a concepção. Família e Escola unidas fazem a diferença.
Por outro lado, há alguém tão importante quanto a escola e a família no processo de ensino e aprendizagem: o professor. Não dá para fugir dessa realidade.
Há professores que são dignos de honrarias. São excelentes educadores, comprometidos com o trabalho, com a escola. Estão sempre dispostos a contribuir da melhor forma possível com as famílias e, principalmente, com seus alunos.
Muitas vezes ou quase sempre não são compreendidos em suas ações, se veem sozinhos no meio da multidão e mesmo sabedores da falta de reconhecimento seja por parte da escola, família, aluno, sistema continuam desempenhando satisfatoriamente sua função fazendo jus a profissão escolhida.
Em inúmeros casos e automaticamente o professor é: professor, pai, mãe, irmão, tio, avô, médico, assistente social, juiz, advogado, detetive, psicólogo, enfermeiro etc. Às vezes todos esses profissionais de uma vez só diante de uma situação momentânea no cotidiano escolar. É fato inegável.
Cada dia para ele é desafiador, ser professor é um desafio.
O professor sente que por mais que faça nunca está bom, não consegue agradar.
Muitas pessoas o rotula de ‘porcaria’.
Professores que lidam com crianças são os mais desvalorizados.
Ah se todos os educadores tivessem o dom que eles têm!
Há um detalhe pouco ou nada discutido o qual cai num injusto esquecimento: o pedagogo é tão especialista quanto qualquer outro, aliás, é especialista da Educação, portanto com condições plenas para desenvolver o trabalho pedagógico básico e global.
Os professores precisam ter a autoestima elevada de maneira que possam produzir cada vez mais e melhor, e não somente os alunos. Necessitam de atenção tanto quanto qualquer pessoa envolvida no processo educacional.
Existe a Síndrome de Burnout que é um problema sério que acontece com professores e a escola deve estar atenta aos sintomas e auxiliá-los na medida do possível oferecendo um ambiente mais acolhedor, por exemplo. (verifique informações sobre a Síndrome de Burnout em vídeos anteriormente postados neste blog)
Reflita: aluno valorizado + professor valorizado = aprendizagem garantida + prazer ao ensinar e aprender.
Noêmia A. Lourenço
terça-feira, 4 de agosto de 2009
sábado, 1 de agosto de 2009
CARTA AOS PAIS (e aos Professores)
Infelizmente não há registro de nome do autor. Portanto, considero ‘autor anônimo’.
De qualquer forma, certamente foi uma mensagem compartilhada para reflexão com os pais dos educandos, por isso estou compartilhando com todos os leitores desse blog.
O conteúdo serve também para os professores refletirem acerca da atuação em sala de aula e para educadores de modo geral.
Boa leitura e reflexão!
CARTA AOS PAIS
1- Não me dês tudo o que te peço. Às vezes meus pedidos querem apenas ser um teste, para ver quanto posso pedir.
2- Não grites comigo. Eu te respeito menos, quando o fazes. E me ensinas a gritar também, e eu não quereria fazer isto.
3- Não me dês ordens a todo o momento. Se em vez de mandar, algumas vezes externasse teus desejos sob a forma de pedidos, eu o faria mais rapidamente e com mais gosto.
4- Cumpre as promessas que fazes, boas ou más. Se me prometes um prêmio, deves concedê-lo assim como um castigo.
5- Não me compares com ninguém, especialmente com meus irmãos. Se me colocas acima deles, alguém vai sofrer. Se me colocas abaixo, eu é que sofro.
6- Não mudes de opinião a cada momento sobre o que devo fazer. Pensa antes, mantendo a decisão.
7- Deixa que eu faça, acertando ou errando. Se fazes tudo por mim, serei um eterno dependente.
8- Nunca pregues uma mentira, nem me peças que eu o faça. Isto criará em mim um mal-estar e me fará perder a confiança em tudo o que afirmas.
9- Quando te enganas em alguma coisa, admite-o francamente. Isto não te diminuirá a meus olhos, pelo contrário, te fará crescer e eu aprenderei a assumir minhas falhas.
10- Quando te dás conta de um problema meu, não digas que é bobagem, que o tempo corrige ou que não tens tempo. Eu preciso ser compreendido e ajudado.
11- Trata-me com mesma amizade e a mesma cordialidade com que tratas teus amigos. Pelo fato de pertencermos à mesma família não significa que não possamos ser amigos também.
12- Nunca me ordenes fazer uma coisa quando tu mesmo não a fazes. Eu aprendi a fazer sempre e apenas aquilo que tu fazes e não aquilo que tu dizes.
13- Ensina-me a amar a Deus. Não acredite que a catequista ou o padre possam fazer isso em teu lugar.
14- Tudo o que me ensinarem a respeito de Deus, nunca entrará em meu coração e em minha cabeça, se tu não conheces, nem amas a Deus.
quarta-feira, 22 de julho de 2009
INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS
“Ou a gente forma, ou a gente deforma”. (Gavaldon)
Ao falar em Aprendizagem é fundamental considerar que cada indivíduo tem modo próprio de aprender e aprende melhor quando encontra afinidade com o que está sendo ensinado.
Existem Inteligências as quais permitem fácil compreensão gerando o gosto pelo aprendizado.
Numa classe, por exemplo, há alunos que: cantam, desenham, pintam, dançam, calculam, falam, pensam, admiram flores, enfim, tudo com muita facilidade.
Muitas vezes ouvimos as seguintes expressões seja na classe ou a nossa volta: “Eu adoro cantar!”; “Me deixa escrever!” (numa atividade em grupo); “Eu prefiro falar à frente do grupo apresentando o trabalho!”.
Quando se trata da escolha profissional a tendência é buscar atuação nas áreas afins de maneira que se possa bem desempenhar as funções.
Todos esses exemplos demonstram que o ser humano tem capacidades e habilidades utilizadas para desenvolver alguma coisa.
Isso se deve às Inteligências Múltiplas, aspectos poucos discutidos no contexto escolar.
Primeiramente é preciso saber o significado da palavra Inteligência. De acordo com o Dicionário de Português (2003) inteligência é: 1. faculdade de entender, pensar, racionar e interpretar com facilidade; intelecto. 2. Compreensão, conhecimento profundo.
Portanto, diz-se que uma pessoa é inteligente quando ela, eficientemente, apresenta todas essas características mediante suas ações.
Há quem não entende, não pensa, não raciocina, não interpreta, não compreende?
Vale ressaltar que a diferença é que uns têm mais facilidade em determinadas áreas do conhecimento, outros encontram dificuldades e pensando na escola cabe ao professor identificar esses aspectos nos seus alunos para atuar didático-pedagogicamente respeitando as condições de cada estudante.
Faça um teste consigo mesmo: O que você desenvolve com mais facilidade, em que necessita de maior preparo e o que você não consegue ou não gosta de fazer de modo algum?
Segundo Antunes (2001, p.30), “é importante destacar que as pessoas apresentam traços integrados de diversas Inteligências e dessa forma não é possível enquadrar os alunos em apenas uma ou duas. O interessante é procurar observar as Inteligências em que são fortes, as em que são comuns e outras nas quais são fracos.”
Quais são essas Inteligências?
Howard Gardner, psicólogo americano, a partir de estudos científicos, detectou 8 tipos de Inteligência: lingüística, lógica, espacial, musical, corporal, naturalista, intrapessoal e interpessoal.
De acordo com Gardner inteligência é resultado de fatores genéticos ou experienciais podendo ser esculpida “ainda que haja limitações para isso”, conforme afirmou em entrevista concedida à Revista Veja (2007).
Gardner conclui que “a maioria das pessoas é, ao mesmo tempo, inteligente para algumas áreas do conhecimento e limitada para outras”, em média. Afirma também que existem raros casos de gente desprovida de qualquer inteligência.
Em relação ao processo de ensino e aprendizagem, o psicólogo propõe que a escola ensine no mínimo “dois jeitos diferentes de ver um problema”, ao invés de ensinar o aluno a “ler, escrever e utilizar recursos como um fim em si” somente aprofundando “conhecimento sobre temas mais relevantes”.
Luiza L. Gavaldon (UNIFAI, 2003), professora de Psicologia da Educação no curso de Pedagogia, em uma de suas aulas apresentou características básicas das Inteligências Múltiplas e acrescentou uma (descrita por psicóloga brasileira):
1- Inteligência Lingüística:
Pessoas com alta capacidade de comunicação mesmo que tenham vocabulário reduzido, que saibam dizer bem suas mensagens.
Profissionais: professores, jornalistas, advogados, atores, vendedores, políticos, escritores, publicitários.
2- Inteligência Lógico-Matemática:
É a Inteligência dos que lidam com a lógica e números na área de exatas.
Profissionais: engenheiros, arquitetos, físicos, matemáticos, advogados, contadores.
3- Inteligência Musical:
Pessoas ligadas a sons, ritmos e timbres.
Profissionais: DJs, compositores, cantores, técnicos de som, maestros, músicos.
4- Inteligência Espacial:
Pessoas que lidam com espaço e direção.
Profissionais: motoristas, pilotos, decoradores, arquitetos, almirantes, atletas, bailarinos.
5- Inteligência Cinestésica-corporal:
São pessoas que lidam com o próprio corpo, onde os movimentos do corpo são mais importantes.
Profissionais: dançarinos.
6- Inteligência Naturalista:
Pessoas que trabalham com a natureza.
Profissionais: jardineiros, agricultores, apicultores, biólogos, oceanógrafos, mergulhadores.
7- Inteligência Pictórica:
Pessoas que lidam com desenhos e pinturas.
Profissionais: desenhistas, pintores, cartunistas, projetistas, artistas plásticos.
8- Inteligência Intrapessoal (dentro):
É a capacidade de administrar os próprios conflitos. “Como lidar com as pessoas se não lido comigo?”
Todas as pessoas precisam.
9- Inteligência Interpessoal (entre):
É a capacidade de lidar com os outros.
Todos que lidam com grupos.
Fazem na profissão uma interação entre as pessoas.
Específica daqueles que lidam com pessoas, grupos, tem uma ascendência com outras pessoas.
Todas as pessoas precisam.
Profissionais: professores, orientadores, coordenadores, diretores, médicos, psicólogos.
Observando as características das Inteligências torna-se mais fácil a identificação das capacidades e habilidades nos indivíduos.
Antunes (2001) deixa claro que as Inteligências se integram e pode haver mais de uma inteligência desenvolvida no ser humano.
É imprescindível o conhecimento dos três níveis das Inteligências Múltiplas: elevadas, medíocres e limitadas em si e nos alunos para melhor explorar suas infinitas e múltiplas linguagens, de acordo com Antunes o qual sugere em sua obra testes para descobrir as Inteligências Múltiplas tanto dos professores como dos alunos.
O professor deve oferecer aos educandos oportunidades variadas de manifestação, desenvolvimento e expansão das Inteligências independente das suas.
Noêmia A. Lourenço
REFERÊNCIAS
ANTUNES, Celso. Como identificar em você e em seus alunos as inteligências múltiplas. 4ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.
Revista Veja, Mônica Weinberg, ed. 2018, 25/7/07.
segunda-feira, 20 de julho de 2009
'OUVIR DE VERDADE' É FUNDAMENTAL...
ESCUTATÓRIA
Rubem Alves
Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória.Todo mundo quer aprender a falar, ninguém quer aprender a ouvir.Pensei em oferecer um curso de escutatória, mas acho que ninguém vai se matricular.Escutar é complicado e sutil.Diz Alberto Caeiro que "não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma".Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Para se ver, é preciso que a cabeça esteja vazia.Parafraseio o Alberto Caeiro:"Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito; é preciso também que haja silêncio dentro da alma".Daí a dificuldade: a gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor.Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos...
Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado pela revolução de 64.Contou-me de sua experiência com os índios: reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio.(Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, [...]. Abrindo vazios de silêncio. Expulsando todas as idéias estranhas.).Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio.Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que ele julgava essenciais.São-me estranhos. É preciso tempo para entender o que o outro falou.Se eu falar logo a seguir, são duas as possibilidades.Primeira: "Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado".Segunda: "Ouvi o que você falou. Mas isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou".Em ambos os casos, estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada.O longo silêncio quer dizer: "Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou". E assim vai a reunião.
Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos.E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia.Eu comecei a ouvir.Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras.A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia, que de tão linda nos faz chorar.Para mim, Deus é isto: a beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também.Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto.
HOME TEXTOS PARA REFLEXÃO TEXTOS DIVERSOS