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O conteúdo deste blog é direcionado a professores, coordenadores pedagógicos e diretores de instituições públicas e particulares de ensino, além de psicopedagogos, pais e interessados na prevenção contra problemas de aprendizagem.

Pense Nisso!


Nada está no intelecto que não tenha passado antes pelos sentidos
(Provérbio antigo)



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quarta-feira, 1 de julho de 2009

SUGESTÃO DE TEXTO PARA REUNIÃO DE PAIS (REFLEXÃO) III

PRINCÍPIO DE UMA VIDA MELHOR

“Pedido de uma criança a seus pais”


“Não tenham medo de ser firmes comigo. Prefiro assim, isso faz com que eu me sinta mais segura. Não me estraguem, sei que não devo ter tudo o que peço, só estou experimentando vocês. Não deixem que eu adquira maus hábitos, dependo de vocês para saber o que é bom ou mau. Não me corrijam com raiva, aprenderei muito mais se falarem com calma e em particular. Não me protejam das conseqüências dos meus erros, às vezes, eu preciso aprender pelo caminho mais áspero. Não façam promessas que não possam cumprir mais tarde; lembrem-se de que isto me deixará profundamente desapontada. Não me mostrem um Deus carrancudo e vingativo, isto me afastará dele. Não me desconversem quando eu faço perguntas, senão eu procurarei nas ruas as respostas que não tenho em casa. Não se mostrem para mim como pessoas perfeitas e infalíveis, senão ficarei extremamente chocada quando descobrir algum erro de vocês. Não digam que não conseguem me controlar, eu julgarei que sou mais forete do que vocês. Não me tratem como uma pessoa sem personalidade, lembrem-se de que tenho o meu próprio modo de ser. Não viva me apontando os defeitos das pessoas que me cercam, pois isto criará em mim, desde cedo, um espírito intolerante. Não queiram me ensinar tudo de uma vez, nem desistam nunca de me ensinar o bem, mesmo que eu pareça não estar aprendendo. No futuro, vocês verão em mim o fruto daquilo que plantaram, ou então, daquilo que não plantaram.”

(autor desconhecido)

SUGESTÃO DE TEXTO PARA REUNIÃO DE PAIS (REFLEXÃO) II

ORAÇÃO DA CRIANÇA ELETRÔNICA


Papai do céu,
Não quero te pedir nada de especial nem fora do alcance, como fazem tantas crianças em sua oração da noite.
A Ti, que és bom e protege todas as crianças da terra, venho pedir um grande favor, sem que meus pais fiquem sabendo: transforma-me em um televisor, para que eles cuidem de mim como cuidam da sua TV, e que me olhem com o mesmo interesse com que mamãe assiste à sua novela preferida, ou papai ao jogo de futebol.
Eu quero falar como certos animadores que, quando se apresentam, fazem minha família se calar para os ouvir com atenção e sem nenhuma interrupção.
Ah! Papai do Céu, como eu gostaria de ver minha mãe suspirar diante de mim, como faz quando assiste a desfiles de moda, ou de fazer rir meu pai, tal como o conseguem o Jô e outros humoristas, ou simplesmente que acreditassem em mim quando lhes conto minhas histórias, sem precisar dizer: “É verdade! Eu vi na TV!”
Quero me transformar num televisor para ser o rei da casa, o centro das atenções, ocupando o melhor lugar, para que todos os olhares se voltem para mim.
Quero sentir sobre mim a preocupação que têm meus pais quando surge um defeito no televisor, chamando logo um técnico para o concertar ...
Quero ser um televisor para me tornar o melhor amigo de meus pais, o que mais influi em suas vidas, para que se lembrem de que sou filho e aquele que, afinal, lhes mostrará mais a paz que a violência.
Papai do Céu, por favor, deixe-me ser um televisor ao menos um dia de minha vida!


(Adaptado de “Informativo NOTIMOVIL”, Buenos Aires, setembro / 97)

SUGESTÃO DE TEXTO PARA REUNIÃO DE PAIS (REFLEXÃO) I

Um menino, com voz tímida e os olhos de admiração, pergunta ao pai, quando este retorna do trabalho:
--- Papai, quanto o senhor ganha por hora?
O pai, num gesto severo, responde:
--- Escuta aqui meu filho, isto nem a sua mãe sabe! Não amole, estou cansado.
Mas o filho insiste:
--- Mas papai, por favor, diga, quanto o senhor ganha por hora?
A reação do pai foi menos severa e respondeu:
--- Três reais por hora.
--- Então, papai, o senhor poderia me emprestar um real?
O pai, cheio de ira e tratando o filho com brutalidade, respondeu:
--- Então era essa a razão de querer saber quanto eu ganho? Vá dormir e não amole mais, menino aproveitador.
Já era noite, quando o pai começou a pensar no que havia acontecido e sentiu-se culpado. Talvez quem sabe, o filho precisasse comprar algo.
Querendo descarregar sua consciência doída, foi até o quanto do menino e, em voz baixa, perguntou:
--- Filho, está dormindo?
--- Não, papai! (respondeu sonolento o garoto).
--- Olha, aqui está o dinheiro que me pediu. Um real.
--- Muito obrigado, papai, (disse o filho, levantando-se e retirando mais dois reais de uma caixinha que estava sob a cama). Agora já completei, papai. Tenho três reais. Poderia me vender uma hora do seu tempo?


(autor desconhecido)

Reflexão:

Será que estamos dedicando tempo suficente aos nossos filhos?
Nunca é tarde para mudar.
Afinal, a vida continua.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

RESPONSABILIDADE

PARÁBOLA DO LÁPIS

A PIPOCA (Rubem Alves)


[ Principal ][ Biografias ][ Releituras ][ Novos escritores ]
© Projeto ReleiturasArnaldo Nogueira Jr
22/06/2009 - 12:28:25
Rubem Alves
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A pipoca
Rubem Alves
A culinária me fascina. De vez em quando eu até me até atrevo a cozinhar. Mas o fato é que sou mais competente com as palavras do que com as panelas.Por isso tenho mais escrito sobre comidas que cozinhado. Dedico-me a algo que poderia ter o nome de "culinária literária". Já escrevi sobre as mais variadas entidades do mundo da cozinha: cebolas, ora-pro-nobis, picadinho de carne com tomate feijão e arroz, bacalhoada, suflês, sopas, churrascos.Cheguei mesmo a dedicar metade de um livro poético-filosófico a uma meditação sobre o filme A Festa de Babette que é uma celebração da comida como ritual de feitiçaria. Sabedor das minhas limitações e competências, nunca escrevi como chef. Escrevi como filósofo, poeta, psicanalista e teólogo — porque a culinária estimula todas essas funções do pensamento.As comidas, para mim, são entidades oníricas.Provocam a minha capacidade de sonhar. Nunca imaginei, entretanto, que chegaria um dia em que a pipoca iria me fazer sonhar. Pois foi precisamente isso que aconteceu.A pipoca, milho mirrado, grãos redondos e duros, me pareceu uma simples molecagem, brincadeira deliciosa, sem dimensões metafísicas ou psicanalíticas. Entretanto, dias atrás, conversando com uma paciente, ela mencionou a pipoca. E algo inesperado na minha mente aconteceu. Minhas idéias começaram a estourar como pipoca. Percebi, então, a relação metafórica entre a pipoca e o ato de pensar. Um bom pensamento nasce como uma pipoca que estoura, de forma inesperada e imprevisível.A pipoca se revelou a mim, então, como um extraordinário objeto poético. Poético porque, ao pensar nelas, as pipocas, meu pensamento se pôs a dar estouros e pulos como aqueles das pipocas dentro de uma panela. Lembrei-me do sentido religioso da pipoca. A pipoca tem sentido religioso? Pois tem.Para os cristãos, religiosos são o pão e o vinho, que simbolizam o corpo e o sangue de Cristo, a mistura de vida e alegria (porque vida, só vida, sem alegria, não é vida...). Pão e vinho devem ser bebidos juntos. Vida e alegria devem existir juntas.Lembrei-me, então, de lição que aprendi com a Mãe Stella, sábia poderosa do Candomblé baiano: que a pipoca é a comida sagrada do Candomblé...A pipoca é um milho mirrado, subdesenvolvido.Fosse eu agricultor ignorante, e se no meio dos meus milhos graúdos aparecessem aquelas espigas nanicas, eu ficaria bravo e trataria de me livrar delas. Pois o fato é que, sob o ponto de vista de tamanho, os milhos da pipoca não podem competir com os milhos normais. Não sei como isso aconteceu, mas o fato é que houve alguém que teve a idéia de debulhar as espigas e colocá-las numa panela sobre o fogo, esperando que assim os grãos amolecessem e pudessem ser comidos.Havendo fracassado a experiência com água, tentou a gordura. O que aconteceu, ninguém jamais poderia ter imaginado.Repentinamente os grãos começaram a estourar, saltavam da panela com uma enorme barulheira. Mas o extraordinário era o que acontecia com eles: os grãos duros quebra-dentes se transformavam em flores brancas e macias que até as crianças podiam comer. O estouro das pipocas se transformou, então, de uma simples operação culinária, em uma festa, brincadeira, molecagem, para os risos de todos, especialmente as crianças. É muito divertido ver o estouro das pipocas!E o que é que isso tem a ver com o Candomblé? É que a transformação do milho duro em pipoca macia é símbolo da grande transformação porque devem passar os homens para que eles venham a ser o que devem ser. O milho da pipoca não é o que deve ser. Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro. O milho da pipoca somos nós: duros, quebra-dentes, impróprios para comer, pelo poder do fogo podemos, repentinamente, nos transformar em outra coisa — voltar a ser crianças! Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo.Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca, para sempre.Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e dureza assombrosa. Só que elas não percebem. Acham que o seu jeito de ser é o melhor jeito de ser.Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos. Dor. Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, ficar doente, perder um emprego, ficar pobre. Pode ser fogo de dentro. Pânico, medo, ansiedade, depressão — sofrimentos cujas causas ignoramos.Há sempre o recurso aos remédios. Apagar o fogo. Sem fogo o sofrimento diminui. E com isso a possibilidade da grande transformação.Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro ficando cada vez mais quente, pense que sua hora chegou: vai morrer. De dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar destino diferente. Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a grande transformação acontece: PUF!! — e ela aparece como outra coisa, completamente diferente, que ela mesma nunca havia sonhado. É a lagarta rastejante e feia que surge do casulo como borboleta voante.Na simbologia cristã o milagre do milho de pipoca está representado pela morte e ressurreição de Cristo: a ressurreição é o estouro do milho de pipoca. É preciso deixar de ser de um jeito para ser de outro."Morre e transforma-te!" — dizia Goethe.Em Minas, todo mundo sabe o que é piruá. Falando sobre os piruás com os paulistas, descobri que eles ignoram o que seja. Alguns, inclusive, acharam que era gozação minha, que piruá é palavra inexistente. Cheguei a ser forçado a me valer do Aurélio para confirmar o meu conhecimento da língua. Piruá é o milho de pipoca que se recusa a estourar.Meu amigo William, extraordinário professor pesquisador da Unicamp, especializou-se em milhos, e desvendou cientificamente o assombro do estouro da pipoca. Com certeza ele tem uma explicação científica para os piruás. Mas, no mundo da poesia, as explicações científicas não valem.Por exemplo: em Minas "piruá" é o nome que se dá às mulheres que não conseguiram casar. Minha prima, passada dos quarenta, lamentava: "Fiquei piruá!" Mas acho que o poder metafórico dos piruás é maior.Piruás são aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem.Ignoram o dito de Jesus: "Quem preservar a sua vida perdê-la-á".A sua presunção e o seu medo são a dura casca do milho que não estoura. O destino delas é triste. Vão ficar duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca macia. Não vão dar alegria para ninguém. Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo a panela ficam os piruás que não servem para nada. Seu destino é o lixo.Quanto às pipocas que estouraram, são adultos que voltaram a ser crianças e que sabem que a vida é uma grande brincadeira..."Nunca imaginei que chegaria um dia em que a pipoca iria me fazer sonhar. Pois foi precisamente isso que aconteceu".
O texto acima foi extraído do jornal "Correio Popular", de Campinas (SP), onde o escritor mantém coluna bissemanal.
Rubem Alves: tudo sobre sua vida e sua obra em "
Biografias".



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quinta-feira, 21 de maio de 2009

EU SEI MAS NÃO DEVIA

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia. A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não seja as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas logo se acostuma acender mais cedo a luz. E a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão. A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado. A ler jornal no ônibus porque não pode perder tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá pra almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia. A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja número para os mortos. E aceitando os números aceita não acreditar nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração. A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. A lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer filas para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas que se cobra. A gente se acostuma a andar na rua e a ver cartazes. A abrir as revistas e a ver anúncios. A ligar a televisão e a ver comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos. A gente se acostuma à poluição. As salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. A luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. A contaminação da água do mar. A lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir o passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta. A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai se afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada a gente só molha os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado. A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida que aos poucos se gasta e, que gasta, de tanto acostumar, se perde de si mesma.

Marina Colasanti