Seja bem-vindo(a)!

Aproveite esta oportunidade para compartilharmos informações, textos, ideias e reflexões a respeito do processo de ensino e aprendizagem.
O conteúdo deste blog é direcionado a professores, coordenadores pedagógicos e diretores de instituições públicas e particulares de ensino, além de psicopedagogos, pais e interessados na prevenção contra problemas de aprendizagem.

Pense Nisso!


Nada está no intelecto que não tenha passado antes pelos sentidos
(Provérbio antigo)



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quarta-feira, 22 de julho de 2009

INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS

INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS

“Ou a gente forma, ou a gente deforma”. (Gavaldon)



Ao falar em Aprendizagem é fundamental considerar que cada indivíduo tem modo próprio de aprender e aprende melhor quando encontra afinidade com o que está sendo ensinado.
Existem Inteligências as quais permitem fácil compreensão gerando o gosto pelo aprendizado.
Numa classe, por exemplo, há alunos que: cantam, desenham, pintam, dançam, calculam, falam, pensam, admiram flores, enfim, tudo com muita facilidade.
Muitas vezes ouvimos as seguintes expressões seja na classe ou a nossa volta: “Eu adoro cantar!”; “Me deixa escrever!” (numa atividade em grupo); “Eu prefiro falar à frente do grupo apresentando o trabalho!”.
Quando se trata da escolha profissional a tendência é buscar atuação nas áreas afins de maneira que se possa bem desempenhar as funções.
Todos esses exemplos demonstram que o ser humano tem capacidades e habilidades utilizadas para desenvolver alguma coisa.
Isso se deve às Inteligências Múltiplas, aspectos poucos discutidos no contexto escolar.
Primeiramente é preciso saber o significado da palavra Inteligência. De acordo com o Dicionário de Português (2003) inteligência é: 1. faculdade de entender, pensar, racionar e interpretar com facilidade; intelecto. 2. Compreensão, conhecimento profundo.
Portanto, diz-se que uma pessoa é inteligente quando ela, eficientemente, apresenta todas essas características mediante suas ações.
Há quem não entende, não pensa, não raciocina, não interpreta, não compreende?
Vale ressaltar que a diferença é que uns têm mais facilidade em determinadas áreas do conhecimento, outros encontram dificuldades e pensando na escola cabe ao professor identificar esses aspectos nos seus alunos para atuar didático-pedagogicamente respeitando as condições de cada estudante.
Faça um teste consigo mesmo: O que você desenvolve com mais facilidade, em que necessita de maior preparo e o que você não consegue ou não gosta de fazer de modo algum?
Segundo Antunes (2001, p.30), “é importante destacar que as pessoas apresentam traços integrados de diversas Inteligências e dessa forma não é possível enquadrar os alunos em apenas uma ou duas. O interessante é procurar observar as Inteligências em que são fortes, as em que são comuns e outras nas quais são fracos.”
Quais são essas Inteligências?
Howard Gardner, psicólogo americano, a partir de estudos científicos, detectou 8 tipos de Inteligência: lingüística, lógica, espacial, musical, corporal, naturalista, intrapessoal e interpessoal.
De acordo com Gardner inteligência é resultado de fatores genéticos ou experienciais podendo ser esculpida “ainda que haja limitações para isso”, conforme afirmou em entrevista concedida à Revista Veja (2007).
Gardner conclui que “a maioria das pessoas é, ao mesmo tempo, inteligente para algumas áreas do conhecimento e limitada para outras”, em média. Afirma também que existem raros casos de gente desprovida de qualquer inteligência.
Em relação ao processo de ensino e aprendizagem, o psicólogo propõe que a escola ensine no mínimo “dois jeitos diferentes de ver um problema”, ao invés de ensinar o aluno a “ler, escrever e utilizar recursos como um fim em si” somente aprofundando “conhecimento sobre temas mais relevantes”.
Luiza L. Gavaldon (UNIFAI, 2003), professora de Psicologia da Educação no curso de Pedagogia, em uma de suas aulas apresentou características básicas das Inteligências Múltiplas e acrescentou uma (descrita por psicóloga brasileira):

1- Inteligência Lingüística:

Pessoas com alta capacidade de comunicação mesmo que tenham vocabulário reduzido, que saibam dizer bem suas mensagens.
Profissionais: professores, jornalistas, advogados, atores, vendedores, políticos, escritores, publicitários.

2- Inteligência Lógico-Matemática:

É a Inteligência dos que lidam com a lógica e números na área de exatas.
Profissionais: engenheiros, arquitetos, físicos, matemáticos, advogados, contadores.

3- Inteligência Musical:

Pessoas ligadas a sons, ritmos e timbres.
Profissionais: DJs, compositores, cantores, técnicos de som, maestros, músicos.

4- Inteligência Espacial:

Pessoas que lidam com espaço e direção.
Profissionais: motoristas, pilotos, decoradores, arquitetos, almirantes, atletas, bailarinos.

5- Inteligência Cinestésica-corporal:

São pessoas que lidam com o próprio corpo, onde os movimentos do corpo são mais importantes.
Profissionais: dançarinos.

6- Inteligência Naturalista:

Pessoas que trabalham com a natureza.
Profissionais: jardineiros, agricultores, apicultores, biólogos, oceanógrafos, mergulhadores.


7- Inteligência Pictórica:

Pessoas que lidam com desenhos e pinturas.
Profissionais: desenhistas, pintores, cartunistas, projetistas, artistas plásticos.

8- Inteligência Intrapessoal (dentro):

É a capacidade de administrar os próprios conflitos. “Como lidar com as pessoas se não lido comigo?”
Todas as pessoas precisam.

9- Inteligência Interpessoal (entre):

É a capacidade de lidar com os outros.
Todos que lidam com grupos.
Fazem na profissão uma interação entre as pessoas.
Específica daqueles que lidam com pessoas, grupos, tem uma ascendência com outras pessoas.
Todas as pessoas precisam.
Profissionais:
professores, orientadores, coordenadores, diretores, médicos, psicólogos.

Observando as características das Inteligências torna-se mais fácil a identificação das capacidades e habilidades nos indivíduos.
Antunes (2001) deixa claro que as Inteligências se integram e pode haver mais de uma inteligência desenvolvida no ser humano.
É imprescindível o conhecimento dos três níveis das Inteligências Múltiplas: elevadas, medíocres e limitadas em si e nos alunos para melhor explorar suas infinitas e múltiplas linguagens, de acordo com Antunes o qual sugere em sua obra testes para descobrir as Inteligências Múltiplas tanto dos professores como dos alunos.
O professor deve oferecer aos educandos oportunidades variadas de manifestação, desenvolvimento e expansão das Inteligências independente das suas.

Noêmia A. Lourenço


REFERÊNCIAS

ANTUNES, Celso. Como identificar em você e em seus alunos as inteligências múltiplas. 4ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.

Revista Veja, Mônica Weinberg, ed. 2018, 25/7/07.





quinta-feira, 18 de junho de 2009

AVALIAÇÃO PEDAGÓGICA

AVALIAÇÃO: O QUÊ? PARA QUÊ? POR QUÊ? COMO?


Outro tema polêmico.
Segundo Luckesi (1997),

“um educador que se preocupa com que sua prática educacional esteja voltada para a transformação, não pode agir inconsciente e irrefletidamente. Cada passo de sua ação deve estar marcado por uma decisão clara e explícita do que está fazendo e para onde possivelmente está encaminhando os resultados de sua ação”.




Diante dessa afirmação, o que a escola avalia no processo de ensino e aprendizagem? O que o professor avalia? Como? Avaliam o que o aluno sabe, como ele sabe, ou o que ele ainda não sabe?
A ‘nota’ é dada pelo que o aluno é, pelo que ele faz ou pelo que aprendeu?
Como são elaboradas as ‘provas’?
Quando o aluno mostra que aprendeu, há dúvidas por parte de quem ensinou? Houve ensino? Houve aprendizagem?
Essas questões foram levantadas a partir de depoimentos de pais e alunos.
Um educando, na época do fato com 8 anos, encaminhado a um especialista, psicopedagogo, conseguiu superar suas dificuldades quanto a leitura e escrita. Aprendeu a ler, interpretar, seqüenciar histórias, escrever. Em matemática não tinha problemas. Aos 9 anos, já no ano posterior (aqui no 4º ano), a professora parabenizou-o e à mãe confirmando estar ele alfabetizado.
Certo dia, a mesma professora aplicou uma ‘prova’ (avaliação) em que a maior exigência foi a sequência lógica de uma história. O aluno acertou tudo. A professora colocou o símbolo ‘c’ em todas as questões, porém junto ao ‘c’ de cada resposta certa escreveu: ‘copiou’, ‘copiou’, ‘copiou’.
O educando ficou tão indignado que a primeira coisa que falou à sua mãe quando a encontrou foi: “Mãe, olha o que a professora fez! (mostrando a prova) Ela não acreditou que eu já sei fazer isso e disse que copiei tudo de outro colega.
Pronto! Acabou, mais uma vez, o estímulo do menino.
Vamos analisar: se ele copiou todas as respostas, o que estava fazendo a professora enquanto os alunos realizavam a ‘prova’? Ela estava na sala de aula? Estava atenta ou distraída? Se estava atenta ela viu o aluno copiando dos colegas e não se manifestou? Por quê? Para depois constrangê-lo?
Assim ele se sentiu, constrangido.
Outra situação. Expressão de um aluno do Ensino Superior: “Não acredito! O professor ‘mandou’ estudar um conteúdo extenso para a ‘prova’, e na ‘prova’ não caiu nada do que foi estudado. Tirei “zero”.
Nota-se que o problema “avaliação” ocorre em todos os níveis de ensino. Faz reportar para as questões presentes no início deste texto.
Diz-se que a ‘nota’ do aluno é a do professor. Será verdade?
No primeiro caso relatado, pensando por esse prisma, a professora não acredita na própria capacidade de ensinar?
No segundo caso, o professor conhecia de fato o conteúdo solicitado para estudo? O que o fez substituí-lo?
Existe quem tem ‘zero’ conhecimento?
Vale ressaltar que o propósito de todo o conteúdo postado neste blog é contribuir na tentativa de melhorar a qualidade de ensino, principalmente prevenindo contra problemas de aprendizagem.
Sabe-se que a tarefa de professor, pais, coordenador pedagógico, diretor escolar é árdua, especialmente no século XXI, período de grandes transformações no universo em todos os sentidos. Por outro lado, educar, ensinar, é parte essencial no processo formativo e educativo cabendo aos responsáveis por tais funções “fazer” de acordo.
Não dá para ser pai e mãe sem educar, ser professor sem ensinar, ser coordenador sem coordenar, ser diretor sem dirigir.
Coletividade, reflexão e conscientização fazem a diferença.
O Psicopedagogo existe para auxiliar oferecendo recursos muitos vezes não percebidos.
O importante é manter o foco no sujeito aprendente, nas suas necessidades, facilitando seu desenvolvimento e o do processo educacional.

Noêmia A. Lourenço







Referência Bibliográfica

LUCKESI, Cipriano C.. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 6ed. São Paulo: Cortez, 1997.


sexta-feira, 5 de junho de 2009

METODOLOGIA ADEQUADA

METODOLOGIA ADEQUADA: PREVENÇÃO CONTRA DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM


Entendendo a metodologia como um conjunto de técnicas de ensino, o professor pode desenvolver um rico trabalho utilizando vários meios promotores da aprendizagem.
É fundamental que a metodologia atenda aos alunos de acordo com o modo de aprender de cada um.
Portanto, observação e atenção por parte do educador é primordial no processo de ensino e aprendizagem.
Muitos casos de indisciplina, por exemplo, são decorrentes de métodos que não correspondem com a necessidade dos educandos.
Normalmente, o professor aplica metodologia unificada.
Considera-se esse tipo de metodologia aquele em que:
- o professor utiliza a mesma metodologia para a classe. Exemplo: passa tarefas na lousa esperando que todos copiem e executem da mesma forma. Todos os dias os alunos permanecem sentados um atrás do outro todo o período da aula;
- alunos em silêncio, sentados como citado no exemplo anterior, o professor é o único a falar. Explica o conteúdo também sentado na cadeira à sua mesa.
- somente o professor fala, porém circulando pela sala, não apresenta recursos visuais ou auditivos (músicas etc.), sua expressão é de hierarquia, séria;
- o conhecimento prévio dos educandos não é explorado e executam atividades prontas, mimeografadas, sendo que numa capinha de ‘prova’ poderiam criar ilustrações ainda que fosse com tema sugerido;
- etc.
Estes são alguns exemplos, provavelmente os mais realizados.
Quais as conseqüências dessas metodologias?
O aluno que tem facilidade em aprender por intermédio do movimento corporal (dinâmicas, dramatizações, gestos, aprender fazendo, utilizando o tato, agindo) encontra dificuldade em se concentrar, prestar atenção, e não tem interesse por métodos que não oferecem oportunidade de ação.
Educandos que aprendem melhor utilizando a visão, observando, também encontram dificuldades principalmente nos 2º e 3º itens supracitado. Eles precisam ver imagens diversas (cartazes, jornais, revistas, fotografias etc.), ver os movimentos do professor, a sua expressão facial, os gestos, enfim.
Há ainda o aluno que prefere a oralidade para aprender. O professor deve permitir que ele se expresse verbalmente, pergunte, comente, dialogue com o professor e o grupo. Ele aprende melhor ouvindo, utiliza o sentido auditivo, por isso as explicações precisam ser claras e variadas. O tom de voz do docente ao explicar é muito importante nas aulas expositivas. Tratando da necessidade de falar, contar, quem sabe não seja o caso daqueles alunos falantes que “atrapalham” a aula!
De modo geral, esses alunos são considerados, por muitos professores, hiperativos e acabam por serem encaminhados a um especialista.
Os diagnósticos precoces devem ser evitados, pois não raro o problema está na diferença entre a metodologia e a maneira como os alunos aprendem.
Esse fator é um contraste que faz com que o educando sinta-se desinteressado, desestimulado, desmotivado.
O ideal seria se os professores conhecessem diversos métodos. Às vezes o sabem, todavia não aplicam por razões explícitas e implícitas. Porém deveriam fazê-lo, pois aí sim estariam atendendo de fato ao processo cognitivo de seus educandos.
Por que se ouve com frequência que é preciso atender especialmente aos alunos com dificuldades de aprendizagem?
Se essa solicitação ocorre certamente é porque precisa mudar o jeito de ensinar esses alunos, pois os demais conseguiram absorver porque a metodologia aplicada foi somente ao encontro dos estilos e modalidades de aprendizagem deles. Por isso é essencial variar, sempre!
P.S. Leia o texto "O QUE BLOQUEOU JOÃOZINHO", postado no mês anterior (Maio/2009)
Noêmia A. Lourenço


Referência Bibliográfica:

ANTUNES, Celso. Como identificar em você e em seus alunos as inteligências múltiplas. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 2004.

_________. Como desenvolver as competências em sala de aula. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 2004.


GÓMEZ, Ana Maria S.; TÉRAN, Nora Espinosa. Dificuldades de aprendizagem: detecção e estratégias de ajuda. EQUIPE CULTURAL (trad.). Brasil: Cultural, S.A.
(www. grupocultural.com)

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. 14ª reimp. São Paulo: Cortez, 1994.

VERCELLI, Ligia de Carvalho A. Fundamentos da psicopedagogia e dificuldades de aprendizagem. UNINOVE

WEISS, Maria Lúcia Lemme. Psicopedagogia clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. 13. ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2008.


terça-feira, 26 de maio de 2009

ESCOLA E FAMÍLIA

Referindo-se a transferência de responsabilidade pelo fracasso escolar, discutir acerca do papel da família e da escola gera grande polêmica.
Na edição da revista Nova Escola do mês corrente (maio/2009) há uma matéria tratando do tema: “Culpar a família pelo desempenho do aluno”.
Alguns leitores da revista manifestaram, online, comentários muito significativos. A maioria discordou da ideia do texto principalmente quando é mencionada a devida atuação do professor e a responsabilidade da escola na ausência da família, especialmente quando essa apresenta condições precárias que interferem negativamente no processo de ensino e aprendizagem.
Foi notório o ‘fogo se alastrando’. Muito interessante!
Está claro que alguns educadores ficaram indignados pelo fato de a família ter sido, de uma certa forma, defendida.
Porém, no contexto da matéria é perceptível que a autora não fez acusações, apenas chama a atenção para um detalhe muito importante que é a isenção de responsabilidades.
As opiniões têm dois sentidos: um parte do senso comum e o outro do senso pedagógico. Pensando neste último, por que não se pode afirmar que o professor ou a escola como um todo pode reverter situações de mau desempenho do aluno caso a família não o faça? Qual é o papel da escola? De que forma o indivíduo se torna professor? Qual é a sua formação? Qual a finalidade da sua formação? Por que escolheu a profissão professor?
O que se pode fazer e deve ser feito em prol do sucesso do educando enquanto aprendiz e cidadão?
A LDBEN 9.394/96 diz que quem deve garantir a educação é o Estado, a Família e a Escola. Portanto, se refere apenas a Família? Não.
Às dificuldades de aprendizagem atribuem-se muitos fatores. Existem professores que não gostam de ensinar e por isso não atuam como deveriam.
Parece impossível, mas não é, bem como existem inúmeros profissionais trabalhando a contra gosto. Quantos garçons há, por exemplo, que são engenheiros por formação, todavia precisam de emprego nem que seja diferente da sua área profissional?
Se a família não dá conta de seu papel na vida do estudante, espera-se de quem? Na escola quem é a pessoa indicada para ensinar e que está mais próxima do aluno?
Vale ressaltar que há alguém com sintoma (problema) de que algo não vai bem por isso fracassa.
É comum o professor dizer: “Esse menino não aprende porque a família não o acompanha na sua vida escolar!” Não dá para fazer vistas grossas e negar que tal manifestação docente acontece.
Cada envolvido no processo educativo tem sua parcela de responsabilidade, tem uma função, um papel a ser cumprido. Função e papel têm significados diferentes. Uma coisa é ter uma profissão e outra é agir como profissional executando as funções cabíveis à profissão escolhida. Mas, se um não agir devo também cruzar meus braços? Se o outro fizer de qualquer jeito devo fazer igual? Devo agir satisfatoriamente somente se o outro agir da mesma forma?
Enquanto apenas se espera que o outro faça alguma coisa aquele alguém, o mais importante de todos, continua apresentando sintomas e pede ajuda.
Flexibilizar ideias é fundamental, pois para se diagnosticar um problema, hipóteses são levantadas, em qualquer setor.
Ao receber o salário no final do mês o trabalhador tem que pagar contas e verifica que o valor é justo, na medida. Mas ele lembra que no mês anterior fez uma compra a prazo e agora teve que pagar a primeira parcela. O gasto a mais não existia. Essa é uma hipótese. Outra hipótese: os descontos de impostos aumentaram. Outra hipótese: houve desconto por falta/dia dele no trabalho. Enfim, é apenas um exemplo de que é preciso avaliar antes de tomar qualquer atitude, antes de determinar uma causa.
Ser professor não é fácil, ser família também não é fácil.
O ideal não é a dependência, mas a parceria, o auxílio, a contribuição que cada um pode oferecer.
Há pessoas que são contra o “Se”. Mas ele ajuda na busca de solução porque “se” não é possível de um jeito, é possível de outro. “Se” meu aluno não consegue aprender dessa forma, facilitarei para que ele aprenda de outra.
O objetivo desse artigo não é afirmar que a escola deve fazer milagres para resolver questões que não cabem somente a ela, mas apoiar e sugerir reflexão no que tange a conscientização.
A escola pode ter meios mais eficazes de ajudar o aluno com dificuldades.
Há casos em que é a família que pede socorro e não sabe a quem ou como recorrer e proceder. Sente vergonha, medo, insegurança, enfim, acabando por utilizar mecanismos de defesa. É necessário compreender o contexto familiar.
Uma dúvida surge quanto a importância da participação da família na escola e principalmente na vida do educando pela qual ela é a responsável maior: Como atrair os pais?
Não é nada fácil porque há uma série de detalhes, o trabalho por exemplo, que interferem profundamente nesse processo, e além disso é demorado.
Todavia, poder-se-ia começar pela realização de reuniões mais atraentes, dinâmicas, envolventes, que estimulem a afetividade. O método das dinâmicas de grupo é um recurso fantástico. Elogios também, por mais simples que sejam as ações, bem como os educandos.
Os pais ou responsáveis sentem-se desestimulados quando são convocados para reuniões de pais e mestres, pois sabem que só ouvirão reclamações e cobranças. Dar oportunidade para se manifestarem, expressarem seus sentimentos, suas idéias é importante e eles sentem-se valorizados. Descobrir melhores caminhos junto a família é valioso.
Outra dica é a terapia do abraço mesmo a distância.
Ao escrever bilhetes ou comunicados, encerrar o texto dizendo “Um abraço” ou “Abraço” transforma as energias e todo e qualquer problema pode ser resolvido com mais tranqüilidade, pois forma um vínculo positivo.
A família é essencial na vida de um indivíduo e os educadores não estão errados ao pensar no dever que a mesma deve cumprir. Posteriormente trataremos exclusivamente sobre esse tema.
A escola, os professores devem usar a criatividade e as ferramentas necessárias para o bom desempenho do aluno.

Noêmia A. Lourenço

P.S. Os leitores desse blog podem acompanhar os conteúdos da Revista NOVA ESCOLA clicando no links que estão postados à direita do layout.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

ENSINAR: O QUE É?

A APRENDIZAGEM DA LEITURA E ESCRITA É POSSÍVEL

Quando eu vim para São Paulo, não sabia ler e fui trabalhar na construção, como ajudante. Foi lá que eu senti que precisava aprender um pouco, porque ficar a vida toda fazendo massa e carregando areia não ia dar. Eu nem sabia que tinha escola para adulto. Mas não sei se ia lá não. Eu achava uma vergonha ficar exibindo que não sabia. Pensei, então, em aprender sozinho.
Toda noite pegava um pedaço de jornal que achava na obra, ou mesmo na rua. Fiquei muito tempo só olhando as letras. Foi aí que eu vi que tinha letra que aparecia muito, toda hora aparecia, e outras que eram difíceis de aparecer. Uma coisa que eu também vi é que tem letra que não fica no fim das palavras. As do fim eram a, s, o, l, m e algumas outras. As letras que não podiam ficar no fim eram como g, t, q, v, f. Vi também que só poucas letras como o, e, a, ficavam sozinhas. Tinha palavras de duas letras, não eram muitas.
Comprei um caderno e fui fazendo cópia das letras.
Um dia fiquei sabendo que meu nome estava todo escrito na identidade.
Minha namorada me mostrou onde estava o nome e eu fiquei escrevendo até saber ele todo de cor. Comecei a achar pedaço do meu nome em todo jornal que eu pegava. Um dia achei Antônio inteiro lá, no retrato de um homem que parecia muito importante. Já tinha visto ele na televisão.
Agora, eu aprendi mesmo, foi quando fiquei olhando pras placas. Na minha obra, tinha o nome da construtora: SEABRA. Brasil era o nome que estava no caderno que eu comprei. Brasil e SEABRA ficavam muito parecidos quando estavam escritos. Do jeito que começa Brasil acaba SEABRA. Fui aprendendo a ler e escrever uma porção de nomes: Antônio, Seabra, casa, São Paulo, rua, avenida, Santana, Ceará, Maria.
Fui tentando um pouquinho aqui, olhando o que já sabia, fazendo uma perguntinha ali e de repente foi como um susto porque estava lendo tudo.
Fiquei tão satisfeito que escrevi uma carta pra minha mãe que mora no Ceará.

(Antônio Costa de Abreu, transcrito de Poetizando: livro do educador, do Vereda – Centro de Estudos em Educação, São Paulo, 1994)

quinta-feira, 21 de maio de 2009

VOCÊ CONCORDA COM A AVALIAÇÃO FEITA PELO PROFESSOR? POR QUÊ?

"Certa vez, um mestre enviou um aluno seu à cidade canadense de Montreal para dar um recado num determinado endereço.
O aluno deixou a cidade brasileira de origem e seguiu para o Rio de Janeiro, tomando um vôo internacional em direção a Nova Iorque. De lá seguiu noutro vôo para Montreal, tramitou pela alfândega com suas bagagens e documentos, tomou um táxi e chegou à rua desejada. O edifício já estava sendo visto. Felizmente, no local certo, chegou ao andar do endereço. Na hora de bater à porta do apartamento, confundiu-se e tocou a campainha do apartamento ao lado daquele que procurava.
O proprietário, ao atender, explicou-lhe que estava errado e a viagem foi considerada perdida: a passagem, agora, precisaria ser reembolsada, além da grande "bronca" a receber do mestre.
... Tudo perdido. Nota zero.
Outro aluno deste mesmo mestre, recebeu a mesma incumbência, só que, tendo chegado ao Rio de Janeiro, dirigiu-se a Santiago do Chile e de lá tomou um avião para as Filipinas.
Viagem errada, reembolso das despesas, "bronca" do mestre.
... Tudo perdido. Nota zero."
Você concorda com a avaliação feita pelo professor? Por quê?
Projeto Classes de Aceleração
2ª DE (NORTE I)

terça-feira, 12 de maio de 2009

A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE

“O meu corpo fala. O seu corpo fala. Ambos se comunicam e se relacionam, especialmente ao nascer, mediante a linguagem corporal.” (Noêmia A. Lourenço)

A Psicomotricidade, a qual é a ligação entre mente e corpo, é importante para a aprendizagem da leitura e escrita.
O indivíduo que não teve as capacidades e habilidades bem desenvolvidas nessa área, certamente encontra muitas dificuldades, por exemplo, na definição de esquerda e direita, a Lateralidade.
Segundo MEUER e STAES (1989),

“Para a maioria das crianças que passam por dificuldades de escolaridade, a causa do problema não está no nível da classe a que chegaram, mas bem antes, no nível das bases. Os elementos básicos ou “pré-requisitos”, condições mínimas necessárias para uma boa aprendizagem, constituem a estrutura da educação psicomotora.”

A falta de “pré-requisitos” ou “elementos básicos” mal trabalhados pode acarretar, ainda segundo MEUER e STAES (1989) as seguintes dificuldades:

1. ESQUEMA CORPORAL

- Não coordena os movimentos
- Atrasada ao despir
- Dificuldade nas habilidades manuais
- Caligrafia “feia”
- Leitura expressiva, não harmoniosa:
- o gesto vem após a palavra
- não segue o ritmo
- para no meio da palavra

2. LATERALIDDE

- Problema de ordem espacial
- Não percebe diferença entre seu lado dominante
- Não distingue direita e esquerda
- Incapaz de seguir direção gráfica (leitura começando pela esquerda)
- Não consegue reconhecer a ordem em quadro

3. PERCEPÇÃO (ORIENTAÇÃO) ESPACIAL

- Espelhamento: por causa da lateralidade

- “b” e “d”
- “p” e “q”
- “21” e “12”

- Não distingue alto e baixo

- “b” e o “p”
- “n” e “u”
- “ou” e “on”
4. ORIENTAÇÃO TEMPORAL E ESPACIAL

- Noção de antes - depois: confusão na ordenação dos elementos de uma sílaba
- Análise gramatical prejudicada: não consegue reconstruir uma frase com as palavras misturadas
- Fracasso na matemática, pois para calcular precisa:
- ter pontos de referência
- colocar os números corretamente
- possuir noção de fileira e de coluna
- combinar as formas para fazer construções geométricas

Provavelmente, dificuldades ao segurar o lápis, utilizar o caderno de modo convencional (organização, preenchimento adequado do espaço), confusões ortográficas, cálculos (27 + 58 = 913, ou seja, soma 2 e 7, depois 5 e 8, por exemplo), entre outras, podem ser em razão da psicomotricidade.
O(a) professor(a) pode auxiliar os alunos aplicando atividades que desenvolvam a motricidade como jogos recreativos.
A interdisciplinaridade com Educação Física e Artes também é um meio de prevenir ou solucionar problemas de aprendizagem.
É fundamental que o(a) professor(a):
- usar a criatividade;
- vivencie os exercícios antes de aplicá-los;
- participe junto aos educandos;
- seja um espelho para os alunos;
- evite fazer pelos alunos e compará-los entre si (eles devem fazer sozinhos, pois cada um tem seu estilo, sua modalidade de aprendizagem) para não causar outro efeito;
- ao realizar as atividades alternar direita / esquerda (mãos, pés, pernas, olhos, ombros, enfim);
- partir do amplo para o menor (do mais fácil para o mais difícil).
- fazer relaxamento ao terminar os exercícios (música, sem música, cadeira, colchonete) (relaxar as partes do corpo (esquema corporal) e a mente (relaxamento mental / emoção) (1, 2, 3, 4, 5 e volta);
- quando a criança não sabe distinguir pode colocar uma fitinha ou fazer um desenho indicando a mão( a mão que tem fitinha é a direita). Se ela erra deve-se questionar: Aonde está a fita?, por exemplo.
- deve-se treinar primeiro um lado depois o outro, e então alternar.
- comemorar e elogiar sempre, a cada realização do educando.

SUGESTÔES DE TRABALHO:

- Dobraduras
- Amarelinha
- Pular corda
- Andar sobre linhas
- Trabalhar com sucatas
- Atividade com revista: (cortar em tiras (franjas) sem destacar, com uma ou as duas mãos, movimento de pinça; destacar as tiras e amassar formando bolinhas, guardar, posteriormente jogar no lixo com a mão esquerda e direita ou colar preenchendo os espaços internos de uma figura ou contornar letras); (juntar folhas em formato de bolas (fileiras ou grupos), um passa para o outro, acrescenta papel e aumenta o tamanho da bola (pode passar cola para não soltar) e depois de a bola formada pode chutar (lateralidade e orientação espacial) delimitando espaço (lixo ou círculo desenhado no chão, por exemplo, bambolê).
- Gincanas (passar por baixo, por cima, de costa, pelo lado direito, pelo lado esquerdo)
- Jogar bola, arremessar (para cima, para baixo, para o lado etc.)
- Atividades com músicas para acompanhar ritmos atendendo a comandos;
- Ginástica Historiada; Dança.



Há muito que pode ser feito!



BOM TRABALHO, PROFESSOR(A)!



REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

MEUER, A. de; STAES, L. Psicomotricidade: educação e reeducação: níveis maternal e infantil. São Paulo: Manole, 1989.




sexta-feira, 8 de maio de 2009

O QUE BLOQUEOU JOÃOZINHO?

“Joãozinho era um menino pequeno, mas já sabia fazer muitas coisas. Aprendera algumas coisas com o pai, outras com a mãe e ainda outras com amigos e muitas outras aprendera sozinho, tentando no fundo do pátio de sua casa, no seu quarto, na copa de sua árvore preferida...
Ele estava muito entusiasmado, pois iria iniciar mais uma nova aventura: IR PARA A ESCOLA!
Chegando à escola, ele a achou enorme. Com sua sacola pendurada sobre o ombro, ele olhava tudo com assombro e curiosidade (o que lhe era muito peculiar). “Puxa, quanta coisa farei aí!”, pensava Joãozinho.
Certo dia sua professora anunciou:
--- Hoje vamos fazer um desenho!
Joãozinho vibrou. Ele adorava desenhar. Sabia fazer um monte de coisas. Apressadamente, pegou seus lápis de cor para começar. Porém, para surpresa sua, a professora impediu que ele começasse, pois ela nem havia dito o quê e nem como deveriam fazer.
--- Muito bem, disse a professora. Agora que todos têm a folha na mesa, e todos sentaram direitinho, podemos começar. Vamos desenhar uma árvore!
Joãozinho se entusiasmou novamente. Pois ele sabia desenhar árvores. Ele sempre desenhava as árvores que havia em sua casa. “Vou desenhar o meu pé de cinamomo. Ele está cheinho de flores...Ah! vou desenhar a casinha que eu construí na árvore...”, ia pensando o Joãozinho. Mas novamente foi interrompido.
--- Prestem atenção! Olhem bem para esta árvore que a professora desenhou. Observem as cores...De que cor é o tronco? E a copa?
Joãozinho olhou para a árvore da professora. Até que era bonitinha, mas achava que as suas eram bem mais bonitas.
Calado, pegou o lápis e desenhou a árvore da professora: tronco marrom e copa verde.
Num outro dia, a professora anunciou que teriam uma surpresa!
O que seria?
A professora apresentou para as crianças uma barra de argila e anunciou:
--- Hoje vocês vão modelar!
Joãozinho adorou a idéia, pois gostava e sabia modelar. Perto de sua casa havia um riacho e no barranco tinha muito barro preto. Ele e seus irmãos faziam coisas lindas com aquele barro.
Amassando entusiasmado o seu pedaço de argila, Joãozinho ia pensando no que ia inventar. Mas o entusiasmo durou pouco. A professora falou:
--- Vamos fazer um cinzeiro para presentear o papai. Olhem para o cinzeiro que eu trouxe. Hoje vamos modelá-lo e, noutro dia, o pintaremos. O papai de vocês vai adorar. Vai ficar lindo!...
Joãozinho, muito calado, começou a modelar o seu cinzeiro. Não gostou do cinzeiro, e o pior, o seu pai nem fumava! Que graça teria?
Joãozinho que antes adorava seus desenhos, suas modelagens, suas histórias, de inventar teatro, mudou muito. Já não se entusiasmava mais frente às “surpresas” apresentadas pela professora.
Fazia tudo. Aprendeu a esperar e a fazer as coisas iguais às da professora. E tirava boas notas.
Aconteceu que a família de Joãozinho mudou de cidade e o menino teve que ir para outra escola.
A nova professora contava histórias e solicitava para que todos a ajudassem a contar ou dramatizar a história. Joãozinho só respondia o que lhe perguntavam.
Após a história a professora falou:
--- Vamos desenhar o que mais gostamos da história?
Que bom, pensou Joãozinho, e ficou esperando que a professora dissesse o que deveriam desenhar mesmo.
Mas a professora não disse. Ela ficava andando pela sala e conversando com todos. Chegando perto de Joãozinho e, vendo que ele ainda não havia começado, perguntou:
--- Você não quer desenhar?
--- Sim, senhora, mas o que devo fazer?
--- Aquilo que você quiser. Você é que sabe do que mais gostou da história. E, se não gostou de nada, pode fazer o que quiser.
--- Mas o que devo fazer?... Que cor devo usar?
--- Assim como você achar que fica melhor. O dono do desenho é você. Todos têm um jeito de ver as coisas. Que graça teria se todo mundo fizesse tudo igual?...
Joãozinho voltou-se para sua folha e começou o “seu” desenho... “Uma árvore de tronco marrom e uma copa verde...”
(autor desconhecido)

quinta-feira, 7 de maio de 2009

A LÓGICA DE EINSTEIN

Conta certa lenda, que estavam duas crianças patinando num lago congelado.
Era uma tarde nublada e fria, e as crianças brincavam despreocupadas.
De repente, o gelo se quebrou e uma delas caiu, ficando presa na fenda que se formou.
A outra, vendo seu amiguinho preso, e se congelando, tirou um dos patins e começou a golpear o gelo com todas as suas forças, conseguindo por fim, quebrá-lo e assim libertar o amigo.
Quando os bombeiros chegaram e viram o que havia acontecido, perguntaram ao menino:
- Como você conseguiu fazer isso? É impossível que tenha conseguido quebrar o gelo, sendo tão pequeno e com mãos tão frágeis!
Nesse instante, um ancião que passava pelo local, comentou:
- Eu sei como ele conseguiu.
Todos perguntaram:
- Pode nos dizer como?
- É simples: - respondeu o velho.
- Não havia ninguém ao seu redor para lhe dizer que não seria capaz. (Albert Einstein)